quarta-feira, 11 de abril de 2012

Espécie de coral ameaça a biodiversidade marinha da Baía de Todos os Santos

Espécie de coral ameaça a biodiversidade marinha da Baía de Todos os Santos




 
De beleza ímpar e um colorido vistoso, uma espécie de coral se apresenta como uma nova ameaça biodiversidade marinha. É o Coral-Sol (Tubastrea tagusensis e Tubastrea coccinea), um organismo invasor vindo do Oceano Pacífico que ingressou no Brasil na década de 80, no Rio de Janeiro, incrustado em cascos de navios e plataformas de petróleo. Ele é conhecido pelo seu potencial de assassinar outros corais, em competição por espaço. Agora, de forma inédita no país, foi flagrado estabelecido em recifes de coral, que são ecossistemas de grande biodiversidade. O alerta é da Organização Socioambientalista PRÓ-MAR, que o encontrou na Baía de Todos os Santos (BTS), mais precisamente em uma Área de Proteção Ambiental (APA), na Ilha de Itaparica.

De acordo com o biólogo da PRÓ-MAR, Ricardo Miranda, a Organização promove o monitoramento dos recifes de coral da Ilha de Itaparica desde 2006, e foi em uma das expedições que foi encontrado o animal invasor. “O vimos instalado em um relevante recife da região, onde já é possível ver grande cobertura deste organismo em algumas 'pedras', dividindo espaço com importantes corais construtores dos recifes brasileiros, incluindo espécies endêmicas da Bahia”, explicou, em referência às ações do Projeto Maré Global, da ONG, patrocinado pelo Instituto Otaviano Almeida Oliveira (IOAO).

Sua maior ameaça é por crescer três vezes mais que os corais nativos e encontrar nas águas baianas um ambiente ideal, sem competidores. “Eles vieram de uma região com grande competição por espaço, onde brigavam com mais de 200 espécies para sobreviver. Aqui, por não haver competitividade, eles superam todos os outros, que até então estavam em harmonia. Além disso, esses organismos apresentam uma taxa de crescimento bem maior em relação as espécies nativas, produzem guerra química com os outros corais e isso, com certeza, leva à devastação dos nossos corais nativos,  que juntamente com processos de inibição química, podem causar sérios danos as espécies nativas", alertou o doutorando em ecologia pela UFBA, José Amorim, que preside o Conselho Científgico da PRÓ-MAR, enfatizando que “estamos diante de um grande desastre ecológico”.
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O Doutor em zoologia, professor adjunto do curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Claudio Sampaio, pioneiro na descoberta deste organismo invasor na Baía de Todos os Santos, dá um alerta quanto ao manejo do coral quando encontrado. “Quando os mergulhadores avistarem este coral, não devem coletar nem quebrar as colônias, pois ao manipulá-lo incorretamente, pode-se estimular a desova deste organismo, contribuindo com a amplificação do problema. O correto é comunicar o mais rápido possível a PRÓ-MAR ou algum especialista da área”, explicou.

Conforme informações da Organização Internacional Marítima, uma espécie é considerada invasora quando causa danos ecológicos, econômicos ou para a saúde humana. Elas são consideradas uma das quatro maiores ameaças a biodiversidade marinha.

Maiores informações:
www.coralsolbts.com.br
www.promar.org.br

Lucas Gaspari, Assessor de Comunicação - Organização Socioambientalista PRÓ-MAR

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